Alto Alegre do
Pindaré perdeu um grande ícone da sua cultura popular com a morte de Domingos
Cunegundes. Ele não era só um simples brincante de mangaba ou cantador de boi.
Era um mestre por excelência, e temos a obrigação de trata-lo assim ao homem que
conhecia e bem, muita coisa da nossa cultura popular. Não apenas dançava,
cantava: era conhecedor das nossas manifestações nos seus mínimos detalhes.
Sabia ensinar desde o ritimo do instrumento, como fazê-lo e com qual material. Gostava
de vê-lo metido na sua farda de cantador de boi, todo orgulhoso, comandando o
Batalhão do Boi Estrela do Vale do Pindaré. Ali estava ele, atento ao batuque,
à evolução do cordão, enfim, atento a
todos os movimentos como um grande maestro. Sabia cantar e fazer as toadas de mangaba,
bumba-boi de matraca, festa do Divino, reisado, tambor de criôla, baile de São
Gonçalo e muito mais. Conhecia muito de pesca artesanal, construção de canoa,
utensílio para pesca, casa de farinha... Chamá-lo de MESTRE é nossa obrigação pois é isso
que ele foi.
Domingos Cunegundes,
cuja assinatura é de origem africana, sempre se fazia presente quando
solicitado para falar sobre cultura popular. Gostava muito de conversar. Muito
aprendi com ele sobre a canoa de voga
que ele mesmo ajudou a construir e a navegar pelo rio Pindaré. Chegamos inclusive
a, juntos, desenhar um modelo dessa canoa para, quem sabe, futuramente
construí-la!
Perdemos a
presença física de Cunegundes mas ele sempre estará presente em nosso meio
quando o assunto for o nosso folclore, a nossa cultura. Mestre Cunegundes merece
o nosso mais profundo respeito e merece muita toada boa em sua homenagem.
Boiadeiros,
preparem suas toadas, aqueçam seus tambores e toquem suas matracas!